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Testosterona, calvície e acne: como a “melhora da sua performance” pode prejudicar sua pele e cabelos

Em busca de mais disposição, definição muscular, melhora da libido e do bem-estar, muitas pessoas têm recorrido à reposição de testosterona — às vezes de forma indicada, mas muitas outras por conta própria ou com orientação de profissionais não especializados. O que poucos sabem (ou preferem ignorar) é que esse “atalho” pode vir acompanhado de efeitos colaterais importantes, especialmente para a pele e o cabelo.

Neste post, vamos falar sobre os impactos do uso inadequado de testosterona — especialmente os anabolizantes — no desenvolvimento de acne, queda capilar e alopecia androgenética. Também vamos comentar a nota conjunta recente da SBEM, Febrasgo e da DCM sobre o uso de testosterona em mulheres e como isso se conecta com a prática dermatológica.



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Testosterona e seus efeitos na pele e nos cabelos

A testosterona é um hormônio essencial, tanto para homens quanto para mulheres. Ela influencia a libido, a massa muscular, a força óssea e até o humor. No entanto, quando usada em excesso ou sem real necessidade médica, a testosterona pode causar um desequilíbrio que se manifesta diretamente na pele e nos cabelos cabelo.


💥 Aumentos hormonais artificiais podem levar a:

  • Acne de difícil controle: o aumento dos andrógenos estimula as glândulas sebáceas, elevando a produção de sebo e favorecendo o surgimento de cravos e espinhas — inclusive em regiões menos comuns, como costas e ombros.

  • Alopecia androgenética acelerada: a testosterona é convertida em DHT (di-hidrotestosterona), um hormônio que atua diretamente nos folículos capilares. Quem já tem predisposição genética para calvície pode experimentar um afinamento capilar acelerado e mais intenso.

  • Eflúvio telógeno: em algumas pessoas, o uso de hormônios pode causar uma queda difusa e temporária dos fios, tornando os cabelos mais finos, quebradiços e ralos.

Essas manifestações muitas vezes aparecem como os primeiros sinais de que algo não está em equilíbrio no organismo — e são um alerta que não deve ser ignorado.


⚠️ Nota oficial: uso de testosterona em mulheres

Em fevereiro de 2024, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e o Departamento de Cardiologia da Mulher da Sociedade Brasileira de Cardiologia (DCM - SBC) emitiram uma nota conjunta reforçando os riscos do uso indiscriminado de testosterona em mulheres.

O alerta foi claro: não há respaldo científico para o uso de testosterona com fins estéticos ou de melhora de performance em mulheres sem deficiência hormonal comprovada. A prática pode trazer sérios efeitos colaterais — e entre os mais visíveis estão justamente os problemas dermatológicos, como acne inflamatória e queda de cabelo.

E mais: segundo estes órgãos, não há indicação para dosar testosterona sérica com o objetivo de diagnosticar deficiência androgênica na mulher saudável ou em mulheres com queixa de baixa libido. A única indicação formal de dosagem de testosterona na mulher é a investigação de níveis elevados de androgênios, para realizar diagnóstico diferencial de hiperandrogenismo.

A pele da mulher é naturalmente mais sensível aos efeitos dos andrógenos. Quando há um aumento descontrolado desses hormônios, os desequilíbrios se tornam visíveis rapidamente. Por isso, a Dermatologia tem um papel fundamental nesse debate: muitas vezes somos nós, dermatologistas, os primeiros profissionais a identificar que algo não vai bem.


Reposição hormonal não é vilã — mas deve ser feita com critério

É importante deixar claro: a reposição de testosterona, quando bem indicada e acompanhada por profissionais sérios, pode ser benéfica e necessária. O problema está na medicalização do bem-estar — a ideia de que um hormônio vai “salvar” sua autoestima ou mudar sua vida em poucos dias.

Se você está enfrentando sintomas como cansaço, perda de massa magra ou queda de libido, a avaliação deve ser multidisciplinar, com exames e acompanhamento especializado, não com a prescrição de testosterona ou outros anabolizantes.

E se sua pele ou cabelo começaram a mudar depois de iniciar algum tratamento hormonal, procure um dermatologista: essas alterações são sinais valiosos e precisam ser investigadas com atenção.


Conclusão: performance real é aquela que respeita seu corpo

Buscar mais saúde, energia e confiança não é um problema — o problema está em abrir mão da segurança para alcançar resultados rápidos. A dermatologia tem muito a contribuir nesse processo, ajudando você a entender os sinais do seu corpo e a construir um caminho mais equilibrado, saudável e individualizado.

Se você suspeita que seus hormônios podem estar interferindo na saúde da sua pele ou cabelos, agende uma avaliação dermatológica. Vamos investigar juntos, com base em ciência, sensibilidade e respeito pela sua individualidade.


Referências:

  1. SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA (SBEM); FEBRASGO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA (SBD).Nota de Alerta sobre o uso inadequado de testosterona em mulheres. Rio de Janeiro, 2024. Disponível em: https://www.endocrino.org.br. Acesso em: 8 maio 2025.

  2. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA (SBD).Diretrizes clínicas sobre acne e alopecia androgenética. Rio de Janeiro, 2023. Disponível em: https://www.sbd.org.br. Acesso em: 8 maio 2025.

  3. ROSENFIELD, R. L.Clinical practice. Hirsutism in adolescent girls. The New England Journal of Medicine, Boston, v. 353, n. 24, p. 2578–2588, 2005. DOI: 10.1056/NEJMcp033496.

  4. DE SOUZA, M. F. et al.Adverse effects of anabolic androgenic steroids: A literature review. Anais Brasileiros de Dermatologia, Rio de Janeiro, v. 95, n. 1, p. 46–54, 2020. DOI: 10.1016/j.abd.2019.08.008.

  5. SADICK, N. S.Update on the pathophysiology and treatment of acne. International Journal of Dermatology, New York, v. 47, n. 3, p. 221–225, 2008. DOI: 10.1111/j.1365-4632.2008.03555.x.

  6. KAUFMAN, K. D.Androgens and alopecia. Molecular and Cellular Endocrinology, Amsterdam, v. 198, n. 1-2, p. 89–95, 2002. DOI: 10.1016/S0303-7207(02)00367-2.

 
 
 

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