Queda capilar: tudo o que você precisa saber
- Thayane Lemos
- 15 de nov. de 2024
- 4 min de leitura
A queda capilar, conhecida cientificamente como eflúvio telógeno, é a causa mais comum de alopecia não cicatricial, que é um grupo de alopecias que, uma vez tratadas, o cabelo volta a crescer normalmente.
O eflúvio telógeno é associado a uma série de distúrbios físicos, metabólicos e mentais.

A prevalência da doença não é conhecida, mas ela parece não ter maior acometimento em determinada etnia e afeta tanto homens quanto mulheres, embora as mulheres percebam melhor a queda capilar do que os homens. Também pode afetar pessoas de qualquer idade.
A maioria dos adultos apresenta pelo menos um episódio de eflúvio telógeno ao longo da vida.
O eflúvio telógeno pode ser agudo, quando dura menos de 6 meses, ou crônico, quando dura mais de 6 meses.
O que causa a queda capilar?
O eflúvio telógeno é provocado por anormalidades no ciclo capilar, desencadeadas por diversos fatores.
O ciclo capilar é composto por 3 fases:
Fase anágena: é a fase de crescimento do fio e dura de 3 a 5 anos. Cerca de 90% dos fios encontram-se nesta fase no couro cabeludo normal.
Fase catágena: é a fase em que os fios passam pelo processo de morte celular programada e é muito curta, durando de 3 a 6 semanas.
Fase telógena: dura de 3 a 5 meses e cerca de 10% dos fios de um couro cabeludo normal encontram-se nesta fase. Nela os fios normalmente se soltam da raiz, correspondendo, portanto, à fase de queda.
O que justifica o eflúvio telógeno é que determinados fatores externos ou internos induzem mais folículos do que o normal a entrar na fase telógena, processo conhecido como telogenização, muitas vezes interpretado como um mecanismo de defesa do corpo.
É importante destacar que é normal ter uma perda de até 100-150 fios de cabelos por dia, visto que cerca de 10% dos fios estão na fase de queda, mesmo em um couro cabeludo normal. O que deve chamar a atenção é quando há uma queda acima disso.
Os agentes que podem induzir o eflúvio telógeno incluem:
Medicamentos: como anticoncepcionais, andrógenos (como os anabolizantes), retinoides (como a isotretinoína), beta-bloqueadores (propranolol, atenolol, etc.), inibidores da enzima conversora de angiotensina (como captopril), anticonvulsivantes, antidepressivos e anticoagulantes.
Estresse fisiológico: causado por traumas, cirurgias, febre alta, doença sistêmica crônica, hemorragia, pós parto.
Estresse emocional
Condições médicas: alterações da tireoide, alterações do fígado, alterações renais, doenças da vesícula, desordens linfoproliferativas. Além disso, algumas doenças autoimunes, como dermatomiosite, além de HIV e sífilis também são associadas ao eflúvio telógeno.
Fatores dietéticos: deficiência grave de proteínas e zinco, desnutrição severa e restrição calórica também podem levar à queda capilar. Outras causas possíveis são a deficiência de estoques de ferro e vitamina D.
Luz ultravioleta: em alguns locais nota-se que o eflúvio telógeno é mais frequente no verão, por isso alguns pesquisadores sugerem um papel do dano provocado pela exposição à radiação ultravioleta também na queda capilar.
O eflúvio telógeno comumente inicia 3 a 6 meses após o início do agente deflagrador, porém, em algumas condições, como pós dengue e infecção por COVID-19 ele pode iniciar precocemente.
Como é feito o diagnóstico?
Normalmente pela história e exame físico já é possível chegar ao diagnóstico.
É comum que o paciente apresente queixas de sensibilidade, queimação ou dor no couro cabeludo.
Em geral, durante o próprio exame físico observamos a saída de grande quantidade de fios, com a observação do "bulbo".
Na grande maioria dos casos a biópsia do couro cabeludo não é necessária, a não ser em casos de dúvida ou com duração prolongada e não responsiva ao tratamento.
Quem trata a queda capilar?
O dermatologista especialista em tricologia!
Ele consegue investigar a causa e escolher o melhor tratamento para o paciente. Além disso, ele também é o médico capacitado para diferenciar esta condição de outras, como a alopecia areata, a alopecia androgenética e a tricotilomania (hábito de arrancar os cabelos).
O eflúvio telógeno é autolimitado se a causa for identificada e tratada ou removida. Por definição, a queda capilar nesta condição dura até 6 meses e, quando intervimos, costuma ser bem mais curta.
O tratamento, além da identificação da causa, inclui o uso de multivitaminas por via oral. Além disso, a mesoterapia ou o MMP capilar com vitaminas e outras substâncias como biotina e pantenol também já demonstraram benefícios.
Referências bibliográficas:
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